domingo, 26 de abril de 2009

Uma adolescência vazia de si

Essa postagem é pra meu desabafo em relaçao a adolescencia desses últimos anos. Na minha época, parece que a gente nao era bem assim. Talvez eu nao era e nunca tenha sido assim.
Mas observo com pesar que a geracao que está se formando e que hoje se encontra com mais de 10 e menos de 20 e poucos anos é uma adolescencia ao mesmo tempo cheia e vazia de si.
Digo isso porque tenho estado incabulada com a razao de ser dessas pessoinhas. Parece, a meu ver, que tudo o que procuram é tirar fotos pra por no orkut e expor suas vidas pessoais ao mundo inteiro. Os orkuts estao sempre cheios de fotos de todas as situaçoes de suas vidas e de depoimentos emotivos e recados que relatam até brigas.
Outro dia fiquei sabendo de uma adolescente linda, prestes a completar seus quinze anos, que abolirá de seu baile de debutantes as tradicionais quatorze moças, amigas, que dançam a valsa com quatorze moços, amigos. Ao perguntar o porquê dessa escolha, ouvi que ela nao de sentiria a vontade se, em seu baile, em sua noite, qualquer outra moça tomasse os olhos que deveriam ser seus. Eu nao disse nada, mas dentro de mim, pensei: que vazio é esse que a faz competir com suas próprias amigas? Que falta de força interna é essa que a leva a achar que, mesmo que todos os olhos nao estejam sobre ela, ela nao é amada? Nao falei nada e me entristeci.
Além disso, recentemente um aluno meu me falou de um site, que seria parecido com um blog, em que os adolescentes postam tudo o que estao fazendo, querendo e pensando naquele momento. É como se fosse um blog que é atualizado a todo momento e que serve, basicamente, pra se mostrar. Isso me preocupa bastante.
Será que sempre foi assim e eu que nunca notei? Ou será que esse tipo de comportamento é reflexo de famílias desestruturadas em que os pais trabalham fora o dia todo e as crianças e adolescentes nao tem com quem conversar, com quem desabafar, a quem se mostrar? Será que esse excesso de exposiçao nao se deve também a uma carência de si, de identidade, que os faz buscar fundamentar seu ser na compreensao e visao que os outros tem de si?
Nao sei ao certo. Nao tenho respostas para nenhuma dessas perguntas e apenas vagos sinais que me levam a pensar assim. Mas sou profundamente critica em relaçao a esse comportamento, a construçao de identidades assim.
Vislumbro um futuro de jovens adultos imaturos, que usam os outros para seu prazer e até quando precisem, como fazem com objetos de uso pessoal. Nesse mesmo futuro, haverá líderes de naçoes, médicos, advogados, professores e quaisquer outros cidadaos que nao conhecem a si e que, na busca desenfreada por si, deixam suas vidas pessoais e públicas a mercê da opiniao alheia. Esse futuro também terá como característica cidadaos essencialmente egoístas e imediatistas que nao sabem suportar o sofrer e nao ter o que querem e que, para chegar onde querem, fazem qualquer negócio. Sobretudo um futuro de gente que faz qualquer coisa pra ser vista e elogiada e gente que desonhece o agir e o ser por uma motivaçao pessoal, eterna. Gente que nao sabe a diferença entre ter, agir e ser e que por isso mesmo, nao é.
Você quer um futuro assim?
No, thanks.

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