sexta-feira, 17 de abril de 2009

Educação e fé

Desde muito pequena eu queria ser professora. Uma das poucas lembranças que tenho da infância é de brincar de escolinha com minhas amigas e com meus irmãos. E o gosto era tanto que meu pai chegou a pintar uma parede inteira como se fosse quadro negro para que eu pudesse escrever e ensinar o quanto quisesse. Nessa época era também fã da Tia Sirlene que me alfabetizou.
Depois, já na adolescência, continuei a querer ser professora e quando foi época de decidir o que cursaria na universidade, não tinha dúvidas sobre minha escolha e meu desejo pessoas. As pessoas riam de mim, diziam que eu era inteligente demais pra querer ser professora e acho que de certa forma o preconceito me afetou, a ponto de eu ir cursar relações internacionais.
Depois de formada, com o auxílio de Deus, comecei a ensinar e é isso que faço até hoje, felizmente, com toda a alegria no coração. Essa profissão não me dá dinheiro nem status, mas me alegra e alimenta a alma.
E o que mais gosto em ensinar é que, quando ensino, me esvazio de mim mesma e vivo minha fé.
Quando entro numa sala de aula, é hora de ouvir e falar ao aluno, a meus amados alunos. Aí, é o tempo deles que conta, os interesses deles, os problemas deles e suas histórias. Se meus alunos gostam de Bioncé, o que fazer, levar Cold Play, pra meu prazer? Jamais! E na sala de aula, irei eu falar de minhas desilusões e sofrimentos? Também, jamais.
Assim, eu ouço, quando dá eu falo e sempre aprendo. Eu ouço do medo do vestibular, da viagem pros Estados Unidos, e não importa quão óbvio é pra mim que o certo é dizer "to", antes do verbo, porque é infinitivo. Eu estou ali pra ensinar e pra respeitar o tempo que eles têm pra processar e compreender cada aspecto de uma nova línguas.
Nesse processo, não há espaço pra mim e eu me esqueço de mim. Eu esqueço do cheque que vai cair, da noite mal ou não dormida, da distância incurtável, das perguntas sem respostas e dos sonhos não realizados.
Educando, vivo minha fé. Dou-me, exalto e anuncio.
E acho que por isso, esses são meus momentos sublimes e que me vivificam.


Ah, por falar em morte e vida, foi no sono que ganhei vida ontem, quando me falatavam palavras.

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