sábado, 18 de julho de 2009

Tiñta e comunidades

Ha muito o que contar e as ideias estao um pouco desorganizadas, mas vamos la!
A verdade e que pra mim, o que maistem chamado atencao aqui no Peru e a pobreza. Aqueles que me conhecem um pouquinho sabem como meu coracao doi por ver pobreza, por ver criancas sujas, sem roupa, doentes, com as peles cortadas pelo frio e o nariz sangrando por isso tambem. Eu sempre penso no qto temos, no qto eu tenho e em qto mais podemos fazer por uma melhora no mundo.
Alem disso, me impressiona a garra das pessoas que trabalham o dia todo no frio, que trabalham ate a meia noite, um trabalho arduo, para que tenham muito pouco, materialmente falando. Ontem vi uma senhora lavando roupas em um rio, com uma agua congelante e esfregando suas maos com pedra, para poder tirar um pouco das casquinhas. Isso e simplesmente demais pra mim! E duro demais! E sofrimento aoextremo que corta o coracao.
As criancas se alegram tanto, tanto, com uma balinha, com um balao... e com um livrinho que conte sobre DEus entao...param tudo para ler. Os adultos tambem, sedentos por DEus, por paz interior, por alegria e esperanca, leem a biblia cheios de paixao e assim tambem louvam a DEus.
Mas e possivel ver em seus olhos uma melancolia carente. Olhos bacos que comunicam uma baixa auto-estima, uma falta de amor proprio que constrange. Nao se sentem dignos de sentarem a mesa para conosco comerem e nao gostam de ser fotografados. Alguns, nao deixam, aocontrario de nos, brasileiros, aparecidos, q ficamos fazendo pose pras lentes que nos acompanham. Penso como que, assim, por um lado, esses coracoes se aproximam mais de Deus enquanto os nossos, tao cheios de si, ao saem do chao, estao pesados demais pra voar.
Uma menininha chamada Damaris me olha atentatemente por horasa fio, observndo tudo que faco, depois, acho que de tanto pensar e de tanto se perguntar e nao obter resposta, se rende e me pergunta: Por que voce tem o rosto tao branco? Ate entao, pra ela nao existia gente assim no mundo. Que mundo bom o que ela vive, hein? Na ignorancia do racismo, das divisoes do mundo...
E uma mulher, caminha horas a fio, por varios lugares pra amar, pra sentar e descascar batatas com outras,aproximando-se, amando, mostrando a Cristo. A gente vai no cinema ou ajuda o outro a comprar um celular e a se omunicar com os atendentes que falam portugues muito rapido. Todos,a seu jeito, na sua historia, no seu habitat, trabsmitindo o amor de Deus.
E cansa o estar cercado por pessoas o tempo todo... e as muitas cores cansam os olhos tambem.Mas como dizem, ao menos algo ruim tinha que haver... Espero um dia so, um dia no silencio do vento e na palidez das montanhas secas.
E sigo, com vergonha do que sou, com amor no coracao e esperando a perfeicao que chegara, que enxugara dos olhos toda lagrima e que acabara com toda fome e toda diferenca. E com sonhos novos!

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Segundo dia

Passado o primeiro dia! Ontem fui a igreja com a Geovane e comi batata recehada!Ta, gente, nem pense que e dessas brasileiras, nao! E uma massa de batata, recehada com carne e ervilha e frita. Sem sal, mas gostosa!
Hoje, o cafe da manha foi batata cozida com ovo cozido, comprado na rua, tipo churrasquinho de gato. Experiencia interessante.
A verdade e que, por enquanto, o que eu tenho feito aqui e praticar o desapego: das coisas que nos sao obvias e corriqueiras no Brasil, por exemplo, banho.
Alem disso, vale comentar a experiencia unica e emocionante que e voar sobre a Cordilheira dos Andes. Nao vi neve, mas pensar que aquilo estava, relativamente, tao perto e que e tao belo e que DEus, o Criador, e tao criativo, emociona. Da mesma forma me engasgo quando olho e vejo montanhas ao meu redor, por todo redor, aqui em Cusco. E uma emocao boa, de me alegrar na grandeza do Deus que criou tudo e que se relaciona comosco mesmo em sua toda gloria!
Uma emocao diferente e ruim e ver as criancas pobres, passando muito frio e as condicoes pessimas em que vive a populacao. Da pra contar nos dedos as ruas asfaltadas... as casas nao tem aquecedor e a agua e fria sem tanto. Fico engasgada de pensar nas criancas tendo que se lavar nessa agua congelante pra ir pra escola cedo. E nao tendo com que se agasalhar... E muito triste! Me corta o coracao pensar que elas conhecem nada alem disso e que vivem assim, de certa forma, sem esperanca. Por outro lado, parecem ter uma esperanca resultante da ignorancia e vivem feliz com o que tem. Nao sei.
Por enquanto a viagem tem sido isso. Estou ansiosa pela viagem a Tiñta depois de amanha. E por comecar a ter mais contato com as pessoas que vim conhecer e amar. Estou ansiosa pra viver e fazer aquilo pra que vim: viver o amor de Deus, por meio de Cristo e a restauracao que Ele traz.
Sera que um dia esse estado de ansiedade passa?
Enquanto isso nao acontece, a ansiedade nao passa e o trabalho social e missionario nao comeca, peco a Deus que me surpreenda em Sua graca.

domingo, 12 de julho de 2009

Pre Peru e en Peu

Cheguei hoje. Escrevo rapido so pra dizer que estou super feliz com os irmaos queridos que foram ao aeroporto se despedir de mim. A Marcinha ate me anunciou pra que eu voltasse pra dar um abraco.
E estou feliz com a familia doce com quem estou hoje, com a igreja e com a uniao que nasce em Cristo, mesmo tendo nos historias tao diferente.
Amanha encontro o resto do grupo e estou ansiosa pelo que Deus fara nesses dias.
E o espanhol, ta sofrido, mas espero melhora-lo ate o fim do mes.
Abracos a todos!

sábado, 11 de julho de 2009

Pré Peru IV

Por ora só gostaria de compartilhar a ansiedade preliminar sobre essa viagem.
A ansiedade de ver Des fazendo o que Ele faz de melhor: vindo Se mostrar e sarar e salvar!
A ansiedade de ver gente sofrida e de chorar por elas, com elas, talvez.
A ansiedade de conhecer um lugar diferente, com cultura diferente. A ansiedade temerosa das comidas e dos lugares: a Nair topatudo morreu há um tempo, já notei.
A ansiedade de ver minha própria vida sendo modificada
E de ver meu Senhor nos usando a despeito de toda fraqueza, erro, limitação.
É muita ansiedade!
Muita expectativa boa!
Agora, definitvamente, a próxima postagem, será de lá!
Hasta luego!

terça-feira, 7 de julho de 2009

Pré Peru III

Sábado é hora de embarcar pro Peru.
Explico-me. Há alguns meses tomei uma decisão louca de fazer essa viagem com um grupo da igreja que irá fazer evangelismo e trabalho social. Me empolguei, comprei passagem e comecei a planejar. Afinal, sou assim, impulsiva mesmo. Depois de um tempo, comecei a repensar se deveria ir e entrei numa crise envorme. Sabe essas crises de o que vale a pena na vida? Então, elas me são frequentes companheiras e esse semestre não foi diferente. Mas a crise passou e numa decisão mais acertada e ponderada, resolvi persistir na viagem. O grupo já foi e agora é minha vez de fazer malas e me juntar a eles domingo.
Estou ansiosa e acho que ainda muito corrida com os compromissos a cumprir e com as malas por fazer que, assim, não tenho tido tempo de vislumbrar, de antemão, o que significará essa viagem. Mas tô feliz sem tanto!!!!! Feliz de viajar e de pensar que assim vou contribuir um pouco pra melhora da humanidade. Ansiosa por ver as crianças carentes e sorridentes, sofridas, com quem eu poderei conversar e brincar, pôr no colo e abraçar. Afinal, elas não merecem o mundo em que nasceram. Ansiosa por encontrar velhos sofridos, experientes e sábios também, com quem aprenderei coisas que esperto aprender e por vezes inesperadas, mas que modificarão minha vida.
Um ano atrás, um amigo meu me disse que a gente volta do Peru achando que essa vida burguesa, fútil e competitiva não vale a pena. Não foi bem assim que ele disse, mas foi assim que entendi. E acho que eu preciso disso. Preciso me esvaziar da burguesa tola que vive me mim. E me tornar uma ser humano mais compassivo e amoroso como antes. E mesmo que no Peru não encontre a cura eterna desse mal, sei que encontrarei umas gotinhas de humanidade com divindade que me darão um pouco de novo fôlego de vida.
Daí tem uma coisa de grupo também. Eu tô indo com um povo aí. Um povo que eu não conheço bem, com quem não tenho intimidade e com quem tenho muitas reservas. É um povo bom, melhor que eu certamente! Um povo que ama mais e que tem um mundo mais pronto e sólido que o meu, ou então, que finge melhor que eu. Mas eu, sinceramente, não acho que seja isso. Acho que eles têm uma paz do conformismo que é boa. Um povo doce que quer fazer o bem, que quer cumprir O chamado e ver vidas sendo transformadas. É um povo cheio de fé. Diante desse povo, prossigo, pequena, fraca, limitada e sem tantas convicções religiosas. Minha única convicção é a de que sigo, em obediência a meu Senhor. Mas também tô esperançosa de que com esse grupo aprenda e cresça em amor.
Além disso, tem um dia esperado em Machu Picchu. Será que vale a pena? Creio que sim. Meu chefe me disse que não tem graça ir no Machu Picchu sem beijar alguém lá, em meio à beleza do lugar. Não será dessa vez que beijarei alguém por lá. Mas também não tô sofrendo com isso. Aliás, adoro a expectativa de passar um dia num lugar tão cheio de significado sozinha, sem o barulho das pessoas ao meu redor, para que, só, pense na vida e ouça a Deus.Eu quero deitar no chão e sentir o vento frio. Olhar pro céu e viver o sol ou as nuvens o encobrindo. Quero olhar longe e ver. Admirar. Orar. Chorar. Rir. E mais do que tudo, eu quero Ouvir.
De uma forma geral, acho que será uma viagem esperada e também inesperada. Vou diferente. Não espero impactar as pessoas com minhas certezas religiosas e meus castelos de ferro. Eles não existem afinal e eu, a cada dia, me vejo mais fraca, limitada e sem o que ensinar. Vou pra aprender, pra amar. No começo desse ano, entre os desejos de Ano Novo, pedi uma coisa a Deus, que nesse ano, Ele me desse o dom de amar mais. Eu quero amar mais completamente e verdadeiramente, sem ciúmes, pacientemente.E continuo esperando isso de Goiânia ou do Peru. Desejo-me que ame muito, exageradamente, a todos aqueles a quem encontrar. E é só o que quero oferecer. E é só o que tenho a oferecer. E como criança, sigo, sabendo que muito posso aprender.