segunda-feira, 30 de março de 2009

Solidão

Fazia tempos que ela não passava por dias assim. Desde que tudo lhe acontecera, estivera mergulhada num mar de atividades sem fim, de preparativos, aulas, novos empregos e de tempo pros outros mas não pra si. Então tudo se encaixava e parecia sorrir-lhe, como se nada lhe faltasse no coração. Também tinha lá suas novidades que preenchiam um pouco certos vazios.
Mas daí, de repente, ela dormiu demais, sonhou demais e acordou, num dia, sem deadlines a cumprir e sem outras pessoas em quem pensar. Então lhe voltaram aquelas lembranças, daqueles dias, das vozes que ouvia e que não ouve mais, das possibilidades que existiam e que não existem mais.
Fazia tempos que ela não recebia a visita de fantasmas e da desilusão. Há muito ela não recebia em casa, assim bem íntima mesmo, uma companheira que lhe sussurrava palavras doloridas, realidades que ela era incapaz de mudar e que desmantelava seus castelos de areia.
E num domingo de outono,que parecia não guardar-lhe nenhum segredo, vieram a dor, a desilusão e a solidão para atormentar-lhe o viver.

Um dia, de tanto bater sozinho, esse meu coração ainda para!

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