Fazia tempos que ela não passava por dias assim. Desde que tudo lhe acontecera, estivera mergulhada num mar de atividades sem fim, de preparativos, aulas, novos empregos e de tempo pros outros mas não pra si. Então tudo se encaixava e parecia sorrir-lhe, como se nada lhe faltasse no coração. Também tinha lá suas novidades que preenchiam um pouco certos vazios.
Mas daí, de repente, ela dormiu demais, sonhou demais e acordou, num dia, sem deadlines a cumprir e sem outras pessoas em quem pensar. Então lhe voltaram aquelas lembranças, daqueles dias, das vozes que ouvia e que não ouve mais, das possibilidades que existiam e que não existem mais.
Fazia tempos que ela não recebia a visita de fantasmas e da desilusão. Há muito ela não recebia em casa, assim bem íntima mesmo, uma companheira que lhe sussurrava palavras doloridas, realidades que ela era incapaz de mudar e que desmantelava seus castelos de areia.
E num domingo de outono,que parecia não guardar-lhe nenhum segredo, vieram a dor, a desilusão e a solidão para atormentar-lhe o viver.
Um dia, de tanto bater sozinho, esse meu coração ainda para!
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