terça-feira, 7 de julho de 2009

Pré Peru III

Sábado é hora de embarcar pro Peru.
Explico-me. Há alguns meses tomei uma decisão louca de fazer essa viagem com um grupo da igreja que irá fazer evangelismo e trabalho social. Me empolguei, comprei passagem e comecei a planejar. Afinal, sou assim, impulsiva mesmo. Depois de um tempo, comecei a repensar se deveria ir e entrei numa crise envorme. Sabe essas crises de o que vale a pena na vida? Então, elas me são frequentes companheiras e esse semestre não foi diferente. Mas a crise passou e numa decisão mais acertada e ponderada, resolvi persistir na viagem. O grupo já foi e agora é minha vez de fazer malas e me juntar a eles domingo.
Estou ansiosa e acho que ainda muito corrida com os compromissos a cumprir e com as malas por fazer que, assim, não tenho tido tempo de vislumbrar, de antemão, o que significará essa viagem. Mas tô feliz sem tanto!!!!! Feliz de viajar e de pensar que assim vou contribuir um pouco pra melhora da humanidade. Ansiosa por ver as crianças carentes e sorridentes, sofridas, com quem eu poderei conversar e brincar, pôr no colo e abraçar. Afinal, elas não merecem o mundo em que nasceram. Ansiosa por encontrar velhos sofridos, experientes e sábios também, com quem aprenderei coisas que esperto aprender e por vezes inesperadas, mas que modificarão minha vida.
Um ano atrás, um amigo meu me disse que a gente volta do Peru achando que essa vida burguesa, fútil e competitiva não vale a pena. Não foi bem assim que ele disse, mas foi assim que entendi. E acho que eu preciso disso. Preciso me esvaziar da burguesa tola que vive me mim. E me tornar uma ser humano mais compassivo e amoroso como antes. E mesmo que no Peru não encontre a cura eterna desse mal, sei que encontrarei umas gotinhas de humanidade com divindade que me darão um pouco de novo fôlego de vida.
Daí tem uma coisa de grupo também. Eu tô indo com um povo aí. Um povo que eu não conheço bem, com quem não tenho intimidade e com quem tenho muitas reservas. É um povo bom, melhor que eu certamente! Um povo que ama mais e que tem um mundo mais pronto e sólido que o meu, ou então, que finge melhor que eu. Mas eu, sinceramente, não acho que seja isso. Acho que eles têm uma paz do conformismo que é boa. Um povo doce que quer fazer o bem, que quer cumprir O chamado e ver vidas sendo transformadas. É um povo cheio de fé. Diante desse povo, prossigo, pequena, fraca, limitada e sem tantas convicções religiosas. Minha única convicção é a de que sigo, em obediência a meu Senhor. Mas também tô esperançosa de que com esse grupo aprenda e cresça em amor.
Além disso, tem um dia esperado em Machu Picchu. Será que vale a pena? Creio que sim. Meu chefe me disse que não tem graça ir no Machu Picchu sem beijar alguém lá, em meio à beleza do lugar. Não será dessa vez que beijarei alguém por lá. Mas também não tô sofrendo com isso. Aliás, adoro a expectativa de passar um dia num lugar tão cheio de significado sozinha, sem o barulho das pessoas ao meu redor, para que, só, pense na vida e ouça a Deus.Eu quero deitar no chão e sentir o vento frio. Olhar pro céu e viver o sol ou as nuvens o encobrindo. Quero olhar longe e ver. Admirar. Orar. Chorar. Rir. E mais do que tudo, eu quero Ouvir.
De uma forma geral, acho que será uma viagem esperada e também inesperada. Vou diferente. Não espero impactar as pessoas com minhas certezas religiosas e meus castelos de ferro. Eles não existem afinal e eu, a cada dia, me vejo mais fraca, limitada e sem o que ensinar. Vou pra aprender, pra amar. No começo desse ano, entre os desejos de Ano Novo, pedi uma coisa a Deus, que nesse ano, Ele me desse o dom de amar mais. Eu quero amar mais completamente e verdadeiramente, sem ciúmes, pacientemente.E continuo esperando isso de Goiânia ou do Peru. Desejo-me que ame muito, exageradamente, a todos aqueles a quem encontrar. E é só o que quero oferecer. E é só o que tenho a oferecer. E como criança, sigo, sabendo que muito posso aprender.

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