domingo, 9 de outubro de 2011

102 Dálmatas: Steve Jobs em Stanford

Li esse texto nesse blog duma amiga minha, uma pessoa fascinante. Ela é uma amiga de longe, mas alguém que, desde que nos conhecemos, sempre me ilumina. Por isso recomendo. Vale muito a pena ler! Enjoy yourself!



102 Dálmatas: Steve Jobs em Stanford: Hoje assisti ao discurso do Steve Jobs em uma cerimônia de colação de grau e achei genial. Então se você separou um tempo para me ler eu não...

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Uma Alma Inconformada

"Velejar não se aprende na faculdade. Então fui tirar meu diploma no mar. Meus amigos não entenderam minha escolha profissional e me perguntavam: mas você vai viver de quê? E eu respondia: eu vou viver de vento."

Eu conheço essa fala do Lars Grael há um tempo já. E outro dia, uma conversa com uma amiga me fez lembrar dela. É que essa amiga, formada em Comunicação (eu acho)tava toda feliz por ter ganhado uma bolsa para um cursinho preparatório para o exame do Instituto Rio Branco, que forma diplomatas. Ela tava super, hiper, mega feliz e me disse que ser diplomata era tudo o que ela queria na vida. Fiquei feliz por ela! É bom ver as conquistas dos amigos! Foi daí que comecei a pensar nas minhas conquistas, nos meus desejos e nos meus sonhos.
Acho engraçado pensar que eu estudei muitos anos da minha vida pra possivelmente fazer e me alegrar exatamente com aquilo que estava trazendo alegria pra Lígia. Na verdade, isso é o tipo de coisa que traz alegria não só pra ela, mas pra muitas outras pessoas. Mas pra mim, desde os primeiros dias na faculdade, descobri que não traria...
É que eu ando meio na contramão do mundo, em muitos aspectos da vida. Eu sempre fui uma pessoa que tinha uma grande necessidade de me sentir incluída e pertencente, mas minha alma, inevitavelmente, sempre me levou pra outros lugares. Porque no fim das contas, os meus sonhos e desejos mais profundos sempre foram ilegítimos.Eu sempre fui uma alma inconformada. Às vezes inconformada no sentido de revoltada, questionadora. Outras, simplesmente no sentido de não entrar na forma dominante.
O negócio é mais ou menos assim. Enquanto todo mundo queria ser médico, advogado, modelo, engenheiro, diplomata... eu queria ser professora. Meus amigos, pais e familiares nunca entenderam minha escolha profissional. Os argumentos variavam desde o desperdício da minha inteligência ao pouco dinheiro que professores ganham. Mas não teve jeito, fui pra frente dum quadro negro e de lá não pretendo sair tão cedo. Estar em sala de aula com um bando de crianças catarrentinhas, que falam todas ao mesmo tempo, me matam de nervo e também de rir e vê-las aprendendo alguma coisinha de uma outra língua que as levará mais longe na vida alimenta meus dias e minhas conversas.Nem elas imaginam como são famosas entre minha família e amigos! Aliás, um dia, prometo, farei uma postagem com as histórias bizarras dos meus alunos. Mas isso são outros quinhentos.
Uma outra história de contramão é a seguinte: depois de passar 7 anos morando em 6 cidades diferentes,e já formada, fui aprovada numa seleção de mestrado em Portugual. Decidi não ir. Quando me perguntavam por que, eu respondia que era porque tinha cansado de viver sozinha, longe da minha família, dos meus amigos e da comunhão em que tanto acredito. Naqueles 7 anos, uma tia morreu, muita gente nasceu, meus pais passaram por muitas dificuldades e dores e meus irmãos também. E eu...tava longe. Achei que morar mais tempo longe, distante do amor em que acredito,para obter um título, não valeria a pena. Ninguém entendeu.
Na vida pessoal não é muito diferente. Nesse mundo imediatista e de prazeres efêmeros e irracionais, eu escolhi esperar. Ninguém em sã consciência faria isso. Ninguém deixaria de se casar com um homem de quem gosta e por quem é gostada, com quem poderia viver com abundância num país desenvolvido pra ficar só por causa de uns valores e princípios. Mais uma vez, a família pegou (e pega) pesado e critica. E falam que estou perdendo tempo na vida. Talvez esteja mesmo... confesso que por vezes me faço essa pergunta.
Outro dia postei numa rede social que estava muito feliz e agradecida a Deus pelos presentinhos de amor que Ele me dá. Algumas pessoas logo comentaram, sugerindo que esses presentinhos de amor estavam relacionados a um relacionamento a dois. Isso tem muita importância pra muita gente, pra mim inclusive. E por isso as pessoas não entendem minha escolha de esperar o Mr Right. E acham que qualquer sorriso, risada ou levantar de mãos se deve ao surgimento de um candidato. A verdade é que um bom companheiro desperta tudo isso em nós e é sim um presentinho de amor de Deus. Mas um companheiro ruim... por isso escolhi esperar.
E naquele dia, daquela postagem na rede social, o presentinho era outro completamente diferente. Poucas pessoas, novamente, compreenderiam minha alegria por poder compartilhar com alguém que amo o quanto amo a Deus e o quanto me alegro por ser amada por Ele. E em meio a dias de tanta tristeza e escuridão pra minha alma, foi exatamente uma conversa de 5 minutos sobre o amor de Jesus que encheu meu dia de sorrisos e leveza.
Essas histórias de vida me fazem pensar num chamado à inconformidade,a não entrar na forma. Eita negócio difícil, ainda mais pra uma pessoa que,como eu, gosta de se sentir incluída e pertencente. Mas sabe o que eu tenho descoberto com minha própria vida? Que pode até ser difícil, mas no fim é muito mais gostoso. É bom se libertar de querer viver o sonho dos outros e o plano deles pra si. Porque no fim das contas,"cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é".
É mais gostoso porque é bom viver de vento. O Lars Grael sabe bem disso e hoje, tantos anos depois de ter lido o que ele disse, eu também sei. E quanto a mim, posso dizer sobretudo, o quanto é bom viver do Vento.